"A feição deles é serem pardos, maneira de
avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem
cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas
vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam
os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, do
comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta
como furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica
entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal
sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber. Os
cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de
sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas."
(trecho da carta de Pero Vaz de Caminha em que descreve com detalhes ao rei de Portugal, d. Manuel, como eram os habitantes das novas terras.)
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